Octeto Entrevista: Fernando Kesnault

Boa noite gente!!!! Chegamos ao dia de mais um bate-papo com nossos leitores, e o convidado da vez é Fernando Kesnault.

A conversa foi ótima e tenho certeza que vocês também vão adorar! Divirtam-se!!!

Fernando e sua princesinha Lara Luísa

1. Quem é Fernando? Fale-nos um pouco sobre você.

Sou um cara normal (será?) que tenta ser um bom pai para uma princesinha que é minha vida. Profissionalmente sou advogado e por muito tempo fui assessor jurídico em diversos órgãos públicos. Adoro ler, ver um bom filme, curto música (gosto do grupo The Coors, Avril Lavigne, Sarah McLachlan, etc) e estou a fazer um trabalho sobre lexilologia (interpretação e o por quê das cores, formas e linhas de uma bandeira) de todos os países e suas subdivisões político-administrativas (estados, províncias, cantões, etc), além de, nas horas livres, estar a catalogar fotos dos carros e pilotos por equipes por temporadas de todas as categorias principais (f1, f2, f5000, f-indy, f-aurora, f-atlantic, WSP, CAN-AM, GRAND-AM, LeMans Series, etc.). É bastante trabalhoso mas ficará muito legal, só da f-1 já fiz de 1969 a 2004 e ta ficando bom.

2. A paixão pelo automobilismo é herança de família ou algo que você aprendeu sozinho?

A paixão começou com o interesse pelos carros (quando criança) que resultou nas competições, pelas belas fotos das revistas da época e principalmente pela prova das 24 horas de Le Mans, que achava o máximo do automobilismo mundial, com tanta gente a assistir e tantas equipes a competir.

3. Qual sua categoria automobilística preferida? E dentro delas, quais são os pilotos que mais te encantaram?

Atualmente acompanho integralmente a Sprint Cup NASCAR, assistindo a todas as 36 provas nestes 3 últimos anos e assisto a todas as provas que posso de Grand Am, V8 Australiana (ótima), BTCC, WTCC, Nationwide, Truck Series, IRL, TC2000, ALMS, DTM e Motovelocidade. Como pode ver sou um fanático. Quanto a pilotos gosto daqueles que coloca a alma na pilotagem, assim tenho admiração pelo Gilles Villeneuve, Keke Rosberg, Ronnie Peterson, Jean Pierre Jarrier e acreditava muito no neozelandês Mike Thackwell, mas questões pessoais do mesmo e a política da f-1 não o fez vingar na categoria.

4. A participação feminina nas pistas ainda é tímida, mas fora delas já é grande. Temos jornalistas especializadas, engenheiras, blogueiras e torcedoras. O que você acha desta visão feminina sobre o esporte?

Sensacional é a palavra com a qual resumo a participação da mulher no meio automobilístico. Não acredito que a participação das mulheres seja tímida, tem muita mulher boa e promissora correndo em várias categorias pelo mundo e infelizmente o público brasileiro é pouco informado sobre tudo que acontece lá fora pela mídia especializada, talvez por ignorância dos jornalistas ou por imposição daqueles que comandam uma redação ao dar pouca importância ao automobilismo. Que me lembro sem consultar temos 5 mulheres a competir na F-Indy sendo duas (Bia Figueiredo e Simona de Silvestro) de grande capacidade técnica; na DTM temos duas (a escocesa Susie Stoddart chegou em 7º no último domingo) e várias outras garotas competindo em monopostos e turismo pela Europa e Norte-America.

Grande duelo: Gilles e Arnoux - 1971

5. Se você pudesse escolher dois ou três nomes que não foram campeões do mundo, mas que mereceriam ter sido, quais seriam?

Em corridas as coisas funcionam como na vida e nem sempre aquele que “merece” ou tem a capacidade certa é o destinado a determinadas sucessos, mas eu diria que o Gilles Villeneuve (que deveria ser o campeão de 1979 mas em respeito às ordens da chefia da Ferrari abdicou em favor do sul-africano Jody Scheckter) poderia ter sido campeão ,mas o destino reservou que seu filho o fosse o que deve ter deixado ele (onde estiver) muito contente com certeza.

6. No Brasil ao falarmos de automobilismo, especialmente de F1, há muito preconceito quando o torcedor revela sua admiração por um piloto estrangeiro e não um nacional. Como você vê esta situação?

Particularmente, eu detesto este falso patriotismo. O primeiro dever de todo cidadão é respeitar o direito de alguém em torcer por quem queira ou por quem tem afinidade mesmo que não concordemos com esta opção e isto faz parte da convivência em harmonia e para se chegar a este nível de entendimento as pessoas devem se instruir através da leitura e ter um nível cultural e intelectual satisfatório.

7. Quais os prós e contras da F1 com relação a outras categorias como o WRC e a Nascar, por exemplo?

Se fosse responder pormerizado iríamos delongar demais, mas vou sintetizar: O que o Bernie fez à F-1 foi fantástico, tornando-a um produto de primeira grandeza mas por outro lado, todo aquele que fica muito tempo no poder começa a desmanchar tudo que fez, então hoje em dia tem mais contras que a favor. Um ponto principal é a falta de competitividade e uma abertura maior para a entrada na categoria de novos valores e de novas equipes, algo que a WRC e a NASCAR sabe muito bem fazer, com o produto que tem.

Jacques Villeneuve em sua primeira 24 Horas de Le Mans - 2007

8. 24 Horas de Le Mans, 500 milhas de Indianápólis ou GP de Mônaco, qual deles você gostaria de vencer se fosse piloto?

Pela ordem: 24 Horas de Le Mans, depois as 500 milhas e o GP Mônaco.

9. O que está achando da Temporada 2010 da F1?

Sinceramente, prefereria a contagem de pontos aplicada até o ano passado. A atual me parece que descaracteriza a categoria e deixa grandes pilotos do passado em desvantagem estatisticamente falando com os de hoje que estão em um nível bem abaixo daqueles em termos de capacidade técnica.

10. Qual a sua opinião sobre os atuais pilotos brasileiros da F1?

Não me entusiasma nem um pouco. Sei que o automobilismo é um esporte caro, mas antes tínhamos bastante abnegados que lutavam para chegar no topo e hoje em dia só vemos “filhinhos de papai” a correr, com todas uma boa estruturas montada sem ter trabalho nenhum. Ele não sua a camisa para chegar a um objetivo, lutando na pista e fora dela e mesmo na vida pessoal, e portanto nunca chega preparado para vencer na categoria máxima pois não tem bagagem de vida e de pilotagem suficiente.

11. E sobre o retorno de Michael Schumacher às pistas, foi uma decisão sensata ou isto pode deixar marcas negativas na carreira do alemão?

Olha, quem sou eu para analisar esta fera mas se estivesse na pele dele, para a f-1 não voltaria pois tudo que precisava fazer por lá, ele fez, quebrando todos os recordes existentes. Se tem vontade de correr (e acreditem, este bichinho nunca para de coçar) voltaria em outra categoria onde tivesse novos desafios. Para mim ele errou nesta decisão, mas é dele e portanto respeito-a.

Kimi em ação no mundo dos rallies

12. Agora uma pergunta sobre o mundo do rali. Por que a Finlândia produz pilotos tão bons nesta categoria? Temos Juha Kankkunen, Henri Toivonen, Markku Alén, Ari Vatanen, Tommi Mäkinen, Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala, só para citar alguns. Será que com esta tradição Kimi Räikkönen tem futuro por lá?

Realmente esta tradição começou com os pilotos suecos e o domínio dos escandinavos desde então é constante, somente quebrado por este fora-de-série, Sebastien Loeb. Quanto ao Kimi, responder sobre ele é difícil pois ele já provou que é um ótimo piloto, rápido e determinado e agora só está curtindo o momento com as conquistas realizadas e o que vier é lucro.

13. Como você conheceu o Blog do Octeto Racing Team?

Vivia perambulando pelos blogs sobre automobilismo até que vi algo diferente, com informações a todo momento e senti que aqui poderia ter um contato saudável, pois vejo muita gente amargurada que desconta os seus desprazeres, com palavras e opiniões fortes e deprimentes contra um ponto de vista que coloco a respeito de um determinado assunto, fato que não acontece aqui.

Octeto Racing Team

14. Somos três personalidades diferentes aqui no Octeto. Juntas, personalizamos o blog. Como você, leitor, enxerga cada uma das “diretoras da equipe” mais louca do mundo do automobilismo?

Vocês se completam. Como é um blog essencialmente feminino, vemos coisas que não temos em outros como os “tititis” e opiniões com timbre feminino, o que é legal, pois passam pontos de vista que nós homens às vezes não conseguimos enxergar.

15. Se você fosse chefe de uma equipe de Fórmula 1 e pudesse contratar dois pilotos que fazem parte do Octeto Racing Team, qual seria a sua dupla e por quê?

Se montasse uma equipe de F-1 e tivesse um bom patrocinador contrataria o Kimi e o Gary Paffett. Por quê? O Kimi pelas razões que disse na pergunta 12 e o inglês é preciso e rápido e necessita mostrar o seu valor na categoria maior.

16. Defina cada um dos octetes com uma palavra: Villeneuve, Alonso, Räikkönen, Coulthard, Button, Rosberg, Montoya, Trulli e Vettel.

Villeneuve = torci muito pra ele, mas depois que foi campeão começou a se interessar somente em ganhar dinheiro, influenciado pelo Craig (seu manager) e se perdeu na profissão.

Alonso = rápido e calculista, às vezes o sangue espanhol atrapalha um pouco.

Kimi = extremamente rápido e competente, temperado coom algo como “Não to nem aí”.

Couthard = como pessoa excelente, como piloto mediano, vamos dizer sem tempero;

Button = ficou na F-1 este tempo todo por ser britânico, e quando teve aproveitou a chance e foi campeão.

Rosberg = gosto dele mas parece que falta algo...

Montoya = arrogante e pedante, embora lutador.

Trulli = já devia há tempos ter ido cuidar somente de sua vinicultura.

Vettel= alçado a herói rápido demais, ta pagando pela inexperiência.

17. O que você acha que o Blog do Octeto trouxe de diferente para a sua forma de ver a F-1?

Trouxe o contato com a opinião feminina sobre a categoria, o que pensam do automobilismo e o mais importante que acho que tem que ter em um “blog”, a constância de notícias e informações assimiladas com opiniões pessoais.

Bom gente, foi isto por hoje. Fernando, valeu pela participação, pelos comentários no Octeto e pelo carinho com este nosso espaço.

Semana que vem teremos mais.

Beijinhos, Ice-Ludy