Octeto Entrevista: Fernanda Soares

Pessoalmente, se tem um dia da semana que eu gosto aqui no Octeto é a quarta-feira. E acho que todos vocês sabem o motivo....hahahaha...é dia de Octeto Entrevista.

Hoje chego com a postagem de um papo bacanérrimo com a nossa amiga, blogueira e leitora Fernanda do sempre opinativo e inteligente blog F1-V8.

Nem vou falar muito, porque vocês vão ler a entrevista e entender o motivo de eu ter achado o papo o máximo.

Fernanda (de verde) e sua irmã Giselle

1. Vamos começar com o básico. Fale-nos um pouco sobre você, o que faz, de onde é?
Oi Meninas. Sou Fernanda Soares, nasci e moro em Brasília. Sou engenheira Mecânica (me formei na UnB em 2007) e hoje em dia trabalho como engenheira do Metro –DF.

2. Quando você começou a acompanhar automobilismo e por quê?
Meus pais sempre gostaram de assistir à F1 aos domingos. Então desde pequena fui “condicionada” a acompanhar as corridas pela TV. Daí a paixão foi arrebatadora!! Já aos 7 aninhos eu acordava de madrugada para assistir à transmissão do GP do Japão em plena madrugada!

Não deixem de visitar o F1-V8

3. De onde veio a ideia de ter o seu próprio espaço virtual sobre automobilismo?
Eu ficava frustrada. Sempre assisto às corridas com meu pai. Íamos comentando os lances, mas sabe quando você quer falar mais sobre o assunto? Comentar aquela ultrapassagem ou aquela rodada? Daí nunca tinha ninguém para conversar!! Meu pai cansa de mim muito cedo!! Mal a corrida acaba ele foge para o supermercado ou algo assim!! Daí eu ficava alugando todo mundo, os colegas de turma, os professores, as amigas. Com as amigas era o pior... todo mundo querendo contar aquela fofoca, do tipo: “Sabe quem ficou com fulano na festa???” E eu emendava logo com um: “Gente vocês viram a ultrapassagem que o Alonso fez??” E ouvia o cri cri cri dos grilinhos como resposta... Daí decidi criar o blog com a Gi, para ser um espaço para extravasar nossos conhecimentos e também encontrar gente com mesmos interesses!

4. Mulher e automobilismo combinam?
Com certeza!!!!!!!! Sempre gostei de pesquisar sobre a era pré-F1, o início do automobilismo de competição. E nessa época, anos 20, anos 30, era possível encontrar mulheres correndo aquelas corridas entre cidades na Europa. O problema veio quando o automobilismo começou a ser vinculado ao comércio de automóveis. Os empresários não queriam ver seus carros associados à figura da mulher, na época algo bem degradante. E fomos excluídas deste mundo maravilhoso... Mas agora, estamos retomando o espaço que sempre foi nosso. Agora não há mais problema em assumir que ama automobilismo, que entende de corridas... Já puxei sobre o assunto em um salão de beleza enquanto fazia as unhas e fiquei surpresa com o conhecimento que a maioria das mulheres tinha sobre carros e principalmente Fórmula 1! Fico feliz com o sucesso das mulheres na Indy, nos EUA as coisas estão bem mudadas e penso que em breve teremos pilotas na F1.

No pódio do Rally Universitário Fiat 2009 - Etapa de Brasília: título de melhor equipe feminina. Na foto: Cris (navegadora), Fernanda (piloto) e Giselle

5. Você participa de ralis no Brasil. De onde veio esta paixão? Como tudo começou?
Nunca consegui me contentar com o fato de não viver o automobilismo em si. Aqui em Brasília existem diversos clubes de rali, que dão toda assistência aos pilotos iniciantes no rali de regularidade (o conhecido rali universitário), uma introdução às competições off-road. Nessas corridas, que são super bem organizadas, pode-se competir com o próprio carro, pois apesar de corrermos em estradas de terra, não é permitido abusar da velocidade! Então logo me apaixonei, pois envolve senso de orientação, trabalho em equipe, concentração e podemos desenvolver algumas técnicas de pilotagem. É um programa bem diferente para o fim-de-semana e também o início de um sonho... quem sabe não surge um talento no off-road? (Kimi Räikkönen que me aguarde!! Hehehehehe)

6. E o preconceito por ser piloto, ele existe? Como os homens encaram a competição?
No rali de regularidade temos muitas mulheres, principalmente navegadoras. Mas o clima é bem amistoso, os veteranos ajudam os novatos e são bem generosos. E existem até provas exclusivas femininas, como o Rali da Mulher que é disputado anualmente em Goiânia. O que percebo é que no off-road há pouco preconceito, mas ainda não vemos muitas mulheres disputando provas importantes do calendário off-road de velocidade, como o Rali dos Sertões, rali dos Bandeirantes e outros. Ainda precisamos explorar melhor esse “nicho”.

7. Quais os prós e contras da F1 e do Rali?
Bom, são duas categorias muito diferentes. E até para acompanhar é muito diferente. No rali as provas são bem grandes e o tempo é o mais importante. Por isso, as duplas brigam entre si e contra o relógio. Acompanhar uma etapa do WRC e do IRC é melhor através dos resumos e boletins (já que geralmente as provas são realizadas em vários estágios de 3 dias). Já a F1 é o show, o espetáculo. Imagino as dificuldades que o Kimi Räikkönen esteja enfrentando nessa nova etapa dele. Correr com o navegador, que é o “cérebro” da dupla, deve ser bem difícil para quem estava acostumado a tomar todas as decisões de pista sozinho. Fora a variabilidade dos terrenos. Na F1 já existem muitas variações de acordo com o tipo de asfalto, temperatura, pista seca ou molhada, sujeira... No rali então, as diferenças são incríveis!! Você corre no cascalho, no talco, na areia, na lama. Se choveu ontem a pista está de um jeito... se não chove há 15 dias estará de outro. Não tem como prever muita coisa sobre o terreno. Fora que quando você se perde, é um grande prejuízo. Além disso, tem o desgaste físico. Na F1 a exigência física é grande pois a direção pesa e o esforço é repetitivo (imagina fazer uma Copse de Silverstone por 69 vezes em menos de 2 horas?). Já no rali o esforço é de resistência. Respirar poeira, calor, desgaste de pilotagem, trepidação... No final das contas, a gente vê que automobilismo, seja no asfalto ou na terra, não é mole!


O hexacampeão mundial de rali é um dos preferidos de Fernanda

8. Quem são os seus pilotos de cada uma destas categorias?
Nos Ralis admiro muito o Carlos Sainz e o Sébastien Loeb. O que eles fazem a bordo dos carros é de encher os olhos. Na F1 gosto de muita gente!!! Acho o Alonso um gênio, o Massa talentoso, o Vettel um prodígio... Gosto muito do Button e do Hamilton. Quero me casar com o Bruno Senna (hahaha). Acho que quase todos os pilotos da F1 têm algo muito bom em sua pilotagem. É claro que quem tem mais recursos de habilidade vence mais e está sempre nas melhores posições. Dos novos tenho prestado muita atenção no Kobayashi. Acho que ele vai dar trabalho. E estou muito empolgada com a volta do Schumacher!


Kimi durante shakedown do Rali da Jordânia, hoje

9. O que você tem achado da participação de Kimi Räikkönen no WRC?
Muita gente criticou o Räikkönen na sua ida ao WRC. Acham que ele saiu da F1 por covardia. Eu já penso o contrário. Sempre admirei o Räikkönen, não só nas pistas. Sempre quis ter a personalidade dele, essa coisa do “tô nem aí” Raikkoniano me fascina. Meu sonho é ter um dia de Kimi Raikkonen (sempre falo isso pra Giselle) e sair mandando meio mundo ir às cucuias... Ele fez o que achou certo para a carreira dele e pronto. Na F1 ele já estava meio marcado, com aquela coisa dos escândalos e das bebedeiras. O problema é que desde a era Schumacher criou-se um modelo de piloto de F1 e esse modelo é muito chato. Eles não têm opinião sobre nada, não são polêmicos, tratam a imprensa e os fãs com sorrisos e respostas falsos. Quem não encheria a cara depois de uma corrida muito ruim? Ou depois de vencer em Mônaco? Ou depois de uma “suposta” traição do cônjuge? Eu, que sou de carne e osso faria, assim como o Räikkönen e qualquer outro ser humano mentalmente saudável faria também! Esse tipo de assédio, o Räikkönen não suportava mais. E no WRC as coisas são mais light, não tem espaço para tanto luxo, celebridades, coisa e tal. Os boxes são de lona e os pilotos precisam saber mexer nos carros. Isso é bem mais a cara do Räikkönen, que achou melhor o sofrimento da adaptação ao WRC ao assédio insuportável da F1. Na minha opinião fez o que é certo, mas sinceramente, acho que ele ainda volta pra F1 se tiver uma boa proposta.

10. Como engenheira mecânica e amante de automobilismo, que tipo de mudanças você faria na F1 para deixá-la mais competitiva?
Nossa!! Que pergunta perigosa!! Existem 2 Fernandas dentro de mim. A Fernanda engenheira é uma peste!! Por essa Fernanda, encheria as equipes de dinheiro e liberava TUDO!!! Ajudas eletrônicas de todo tipo, controle de tração, controle de largada, acessórios aerodinâmicos de todo tipo, asas móveis, suspensão ativa e telemetria com direito a interferência da equipe no carro! E testes ilimitados durante o ano! Túneis de vento operando 24 horas por dia 365 dias ao ano para testar novidades aerodinâmicas! Haja dinheiro!
Mas a Fernanda fã de F1 sabe que nem todo mundo pode bancar esse luxo todo, não é? Então acho que as mudanças mais ferozes já estão acontecendo. O fim do reabastecimento é uma delas. Mas para ter uma F1 realmente competitiva é preciso mexer nos pneus. Dois fornecedores em pé de igualdade tecnológica poderiam fazer milagres! E também a eliminação imediata das pistas desenhadas pelo Tilke do calendário (bye bye Malásia, Sakhir, China e etc). Esse cara é o fim da emoção!

11. F1-V8 e Octeto Racing Team, você consegue ver características em comum entre estes dois blogs?
Sim, muitas!! No nosso encontro em 2008, ficou evidente a empatia!! Quando acordo às 8 da manhã ou de madrugada para ver corridas, penso nas meninas do Octeto se preparando em frente à TV, logando o computador no Live Timing do F1.com, tentando espantar o sono e com um bloquinho para anotar as coisas mais importantes. Daí, fico feliz e super orgulhosa delas também!! Mostro o blog Octeto pra todo mundo!!

A dupla...

12. Se você fosse chefe de uma equipe de Fórmula 1 e pudesse contratar dois pilotos que fazem parte do Octeto Racing Team, qual seria a sua dupla e por quê?
Olha a dupla Octete que eu contrataria seria Räikkönen e Alonso. Mas acho que a parceria Coulthard e Button também seria muito legal de se trabalhar!

13. Se você pudesse atribuir uma característica a cada uma das diretoras do ORT, quais seriam?
Gente a Ludy é a Raikkonete do negócio! Aposto que ela é aquela que abre mil orelhas de navegador e lê 150000 notícias ao mesmo tempo e ainda escreve os comentários de todas!
Já a Tati, acho que é a curiosa do grupo. Aquela que vai atrás do rumor, que freqüenta somente os sites de “confiança”, que investiga cada boato e tira suas conclusões... Certamente a Tati é a mais perigosa! Bernie deve estar de olho nela!!
E a Lu é a relações públicas do negócio!!! Fala com todo mundo, consegue credencial e aposto, a câmera da Globo vai filmá-la dentro do box do Nico nesse GP Brasil (ela estará já com o novíssimo uniforme da Mercedes e rádio no ouvido, igualzinho ao do Ross Brawn!!).
Nesse início percebi que a Ludy anda meio pra baixo (por causa do Räikkönen)! Vamos dar uma força pra ela, gente!!!

14. Defina cada um dos octetes com uma palavra: Villeneuve, Alonso, Räikkönen, Coulthard, Button, Rosberg, Montoya, Trulli e Vettel.
Villeneuve – arrojado... queria que tivesse tido mais sorte na F1 (tenho uma amiga que é Villeneuve louca, até hoje! @tatipa até levou suspensão na escola por comemorar o título dele de forma ostensiva na viagem de formatura da 8ª série a Porto Seguro! Um escândalo!!)
Alonso – valente
Raikkonen – destemido, perseverante (o que foi aquele título de 2007?!!!!!)
Coulthard – gentleman
Button – eficiente, cuida do carro dele! Por isso é o campeão de 2009!
Rosberg – inteligente (acho que um dos mais inteligentes hoje na F1)
Montoya – garra (queria que ele ainda estivesse lá)
Trulli – Habilidoso
Vettel – o futuro (será campeão, dentro de 3 anos)



15. O que você acha que o blog do Octeto trouxe de diferente para a sua maneira de ver a F-1?
Nossa, o blog Octeto para mim hoje é uma referência!!! Se quero saber de alguma coisa, acesso o Octeto! Ano passado, não consegui acompanhar muito bem a F1 no meu blog (eu assisti todas as corridas, exceto a última) e fiquei bem triste. Então sempre entrava no Octeto, para saber das novidades. É um trabalho conduzido com muito amor e competência e merece todo o reconhecimento e sucesso!! E em 2010, vamos marcar um encontro em Sampa na F1?

Bom galerinha, foi isto. Não falei que a entrevista tinha ficado ótima?! Espero que tenham curtido!!!

Fernanda querida, já vamos agendar nosso encontro em Sampa este ano hein? Já compramos nossos ingressos aqui no Octeto. E muitíssimo obrigada pelo carinhoso comentário dedicado a mim na entrevista. Estive meio triste mesmo, às vezes esta tristeza volta, mas já aprendi que tenho mais motivos para ficar feliz e agradecida do que ficar para baixo. Valeu querida.

Beijinhos, Ice-Ludy

Comentários

Blog F1-V8 disse…
ADOREI!!!!!! Sério mesmo, tô emocionada, meninas!!!

Uma beijoca pra cada!!!

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