Octeto Entrevista: Vivian Zorzim

Bom gente, cheguei com a última entrevista do ano para vocês.

Deixei a Vick por último para fazer as honras da casa e encerrar esta temporada do Octeto Entrevista.

Com vocês, a entrevista da diretora do ORT que é campeã do mundo em 2009.


Interlagos 2009 - depois de Jenson campeão

1) Vamos começar com o básico. Quem é a Vivian?
Vivian é uma menina muito tímida, tão tímida, que passa por metida e esnobe. Vem de uma família linda e muito religiosa. Toca piano, e agora resolveu estudar violoncelo; canta em dois corais. Sempre quis ser cientista ou historiadora (igualzinho, né?), hoje é pesquisadora, enfermeira obstetra e professora. Ama ler, especialmente biografias, pois se encanta com as histórias de pessoas reais. Já teve muita vontade de conhecer o mundo, hoje é mais contida com seus desejos. Só falta casar e ter muitas filhinhos (haja dinheiro!!!!), para aparecer o THE END dos créditos.

2) Conte um pouco da sua história com o automobilismo.
Assisto F1 desde os 7 anos, por causa do meu pai, e depois por minha causa mesmo. O primeiro piloto por quem torci, foi Nelson Piquet. A minha trajetória de torcedora desde então, foi parecidíssima com a de outros brasileiros, torcendo por Piquet e Senna. Por isso mesmo, em 1994, não consegui terminar de assistir a temporada. Migrei para a Indy, que tinha uma transmissão legal no SBT, antes era na Manchete.
Em 1996, voltei a assistir F1, porque a Ludmila me falou que Jacques Villeneuve, campeão da Indy em 1995, iria correr lá. Assisti o primeiro GP na Austrália, que ele quase venceu, e nunca mais desgrudei.
Não fui muito assídua na era Schumacher, me irritava muito a previsibilidade dos fatos. Voltei a me dedicar mais em 2005/2006, porque sentia muita falta, e aqui estou eu até hoje. Confesso que a minha paixão ficou mais intensa depois que assisti a primeira corrida in loco, impossível deixar de voltar e deixar de acompanhar.

3) Como é ser uma menina que é apaixonada por um esporte de meninos?
Sei lá... não converso com ninguém sobre F1. Até na minha casa, tenho conversas básicas, sem me aprofundar muito.
O único lugar onde debato F1 é na internet. É muito complicado, porque nós blogueiros, infelizmente, estamos em um patamar acima de outros telespectadores de F1. Somos extremamente bem informados, e não temos uma opinião unânime com a massa teleguiada, então a conversa não flui.
Quando alguém quer ser simpático, e vem falar de F1 comigo, porque sabe que eu gosto, sou mais simpática ainda, e apenas sorrio, não me aprofundando muito nas análises, porque já cansei de assustar os interlocutores, primeiro por se mulher, e depois por saber mais do que o interlocutor.


O piloto dono da torcida da Vick

4) Como você encara o preconceito de não torcer por pilotos brasileiros?
Não ligo. Antes eu me incomodava muito com as pessoas torcendo por Massa, e mais recentemente, esse carnaval de torcer por Rubinho, de repente todos amavam o Rubinho.
Hoje eu entendo e respeito quem torce por eles. O Massa é um bom piloto, e é muito obstinado no que faz, qualidades admiráveis, mas não torço por ele. Não torço, porque ele é um “puxa-saco” da Ferrari, não o considero o melhor piloto do grid e não rola empatia de torcedora. O Rubinho ganhou muitos pontos comigo, principalmente na segunda metade da temporada, controlou a choradeira, acho que aprendeu a fazer mais e chorar menos. Sempre achei Rubinho um bom piloto, e ele me emociona muito, mas sempre me incomodou a choradeira e os muitos episódios de burrice.
Sei lá, acho que F1 não é um esporte de nacionalidade... nem no futebol eu me sinto obrigada a torcer pelo Brasil, sou muito mais uma Inglaterra... hahaha

5) Qual é a sua equipe preferida na F-1?
Não tenho equipe preferida, nunca tive. Me encanta a mística da Ferrari e seu cavalinho rampante, acho que F1 é quase um sinônimo de Ferrari, mas não posso lembrar das falcatruas de Brawn, Todt, Montezemolo e Domenicali. Fui fascinada pela McLaren, por causa do Senna, mas depois de 2007, minha visão é outra. Acho que a equipe que mais respeito e admiro é a Williams, principalmente por Frank Williams. Este homem tem uma história fascinante como “garagista” e o sofrimento pela morte do Senna, é algo que marcou a vida dele eternamente, e é muito claro para mim. Acho que a minha simpatia é para a Williams, mas não é sinônimo de preferida, ou de que recebe minha torcida.

6) Jenson saiu da Brawn, agora Mercedes. Esta saída era uma possibilidade? Qual a razão que você (como fã do piloto) atribui a ele (ou a outros) por esta decisão?
Nem sei o que falar sobre essa decisão de Jenson, foi um tiro que saiu pela culatra.
Ross Brawn não foi leal a JB, não deu nenhum valor e não se esforçou para achar um “meio-termo”. A verdade é que ele nunca imaginou que Jenson o deixaria, nunca imaginou que a McLaren estava realmente interessada.
Jenson foi afoito, agiu por orgulho, e não o culpo. O que espero, é que a McLaren continue produzindo bons carros, ou se não, Jenson se arrependerá pelo resto da vida.

7) Da última vez que a McLaren teve em seu quadro dois pilotos competitivos as coisas saíram do controle. Como você acha que será o comportamento da equipe agora que terá dois campeões do mundo?
Aquele 2007 nunca mais irá se repetir na McLaren.
Jenson Button não está no mesmo nível que Alonso, e Lewis Hamilton não tem mais o poder de surpreender, o susto que ele deu no mundo em 2007 já não é mais novidade, e a equipe já sabe muito bem como lidar com “o artista”, assim como Jenson já sabia muito bem com quem ele está se metendo.


English Team na McLaren 2010

8) Jenson sofreu bastante em 2007 porque parte da mídia e do público inglês o julgaram um piloto pior do que Hamilton. Hoje os dois são campeões do mundo e serão companheiros de equipe e concorrentes na luta pelo título em 2010. Como você vê a parceria Hamilton-Button?
Jenson é o cúmulo do otimismo e educação, não faz a pose de ameaçador.
É um piloto que com um carro equilibrado, sempre se sai melhor que o companheiro de equipe, ouso dizer, que se for essa a condição do carro, ele fará classificações melhores que Lewis Hamilton. Mas, como já é sabido, Jenson não tem essa mesma capacidade, quando o carro não é perfeito... na verdade, não sei se Lewis também tem.
Não espero boas coisas da McLaren, e não sei como eles irão se portar se Jenson se sair melhor que Lewis... Resumindo, já estou preparada para o pior. A ida de Jenson para esta equipe foi como descobrir um santo, para cobrir o outro.

9) É possível separar a Vivian fã de JV e de JB e blogueira, da Vivian real?
Sim, é completamente possível. A Vick é um alter-ego da Vivian, é a Vick quem escreve sobre F1. A Vivian não passa 24 horas pensando na F1, ela é em primeiro lugar filha, irmã, amiga, profissional, e nas horas vagas, se diverte muito com a F1.
A Vivian real tem muita influência da F1, porque esse hobby faz parte da minha vida, são como uma extensão. Todos que são próximos a mim, sabem do meu envolvimento com a F1. Minhas primas sempre contam, que a única coisa que me fazia abandonar as Barbies, era quando uma corrida ia começar.
Mas a Vivian real não é só F1, tenho outros passatempos, outras paixões, outras atividades. Vocês podem não acreditar, mas o único momento da minha vida, em que falo sobre F1, é quando escrevo no Blog. Estou em uma fase de transformação, e não sei como vai acabar, mas a F1 sempre fará parte da minha vida, mas espero que em uma proporção menor, porque a vida não pode ser só F1, não é?


O bom e o ruim

10) Qual maior emoção que você já teve com a F-1? E a pior lembrança?
Por mais incrível que possa parecer, minhas melhores e piores lembranças, não estão ligadas aos pilotos por quem eu torço.
A minha melhor lembrança é do GP do Brasil de 1993, jamais esquecerei a emoção de ver Ayrton Senna vencer aquela corrida, e ser levado nos braços do povo. Lembro perfeitamente da chuva, dele enlouquecido dentro do carro da organização (eram Fiats Tempra, nunca esquecerei). Foi a corrida mais emocionante que assisti, pode ser que seja por culpa da Rede Globo, que criou uma imagem de “semi-deus” para o Senna, mas verdadeiramente me marcou.
A pior lembrança também está ligada ao Senna. A morte dele me impressionou muito, foi no dia do meu aniversário, eu era uma pré-adolescente, nunca havia lidado com a perda, e já era louca por F1 e por Ayrton Senna. Chorei quase 5 dias seguidos. Até hoje procuro por imagens daquela semana, porque foi uma espécie de divisor de águas em minha vida.
Não, por incrível que pareça, não sou fã de Senna. Hoje, meu senso crítico é muito mais aflorado. Ele realmente era um gênio, mas existem outras coisas nele e na condução da carreira dele, que hoje me incomodam profundamente.

11) Existe algo na F-1 que você mudaria?
Me incomoda a guerra de interesses, a falsidade, o dinheiro, a traição. Mas quer saber, o mundo inteiro é assim, como eu poderia imaginar que seria diferente na F1? É só olhar para o lado, e ver as histórias que as pessoas têm para contar, principalmente sobre seus empregos. Completamente impotente, sei que não há como mudar nada do que me incomoda. Esporte é a última coisa observada, em primeiro lugar o dinheiro e os negócios.

12) Você acredita que a F-1 ainda pode ser considerada um esporte ou só está aí para encher os bolsos de Bernie Ecclestone de dinheiro?
Sou romântica, demoro para enxergar a realidade, o mundo precisa desabar, para que eu perceba que não é tudo cor de rosa.
Eu ainda acredito que a F1 é um esporte, porque se não acreditasse, não estaria assistindo. Não sei quando a ficha vai cair, porque tenho certeza que estou dando a resposta errada, só não aceito ainda.

13) Escolha dois octetes, tirando Villeneuve e Jenson, e defina-os e uma palavra.
Montoya: bon vivant
Vettel: future

Diretoria ORT junta em Interlagos 2008

14) O que o Blog do Octeto mudou na sua forma de acompanhar a F-1?
Nem consigo me lembrar de como as coisas eram antes. O que sei, é que agora tenho um compromisso com a informação, tenho um blog, tenho leitores, tenho que ser a pessoa mais atualizada possível.
Assisto pouca televisão e não leio jornais... minha arma é a internet, com as redes sociais (Facebook, Orkut,Twitter) e assino quase 300 feeds.


15) O que mais te marcou nestes dois anos de Blog do Octeto?
Como blogueira, o que mais marcou foi o contato mais próximo com outros fãs de automobilismo, fico muito feliz de saber que não estou sozinha nesse mundão.
Como fã de F1, sem dúvidas foi o Campeonato de Jenson Button.

Bom galerinha do meu coração. O próximo Octeto Entrevista só irá ao ar na primeira semana de março, antes da F-1 voltar às pistas para mais uma temporada.

Espero que tenham gostado do espaço. A gente se vê no ano que vem!!!

Beijinhos, Ice-Ludy

Comentários

Manu disse…
Finalmente a campeã!
Adorei a entrevista Vick! Suprema!^^
abraços p/ vcs meninas!
steffany campos disse…
adorei a entrevista.e felicidade,na primeira foto a vick esta linda.bjos
Andrea disse…
Ai que lindo você toca piano!!!
Linda tbm e sua profissão, ver a vida se renovando todos os dias deve ser mágico!!!! Adorei a entrevista Vick, muito clara e sensata.....

Bjos

Andrea
Carina disse…
Engraçado que a primeira coisa que me vem a cabeça quendo lembro daquele dia em que o Button foi campeão, é aquela sequencia de fotos da Vick, que termina com a primeira foto da entrevista!
Amei a entrevista e amei saber o ponto de vista da Vick sobre a ida do Jenson pra mclaren.
Parabéns!
Marcelo Costa disse…
Ótima entrevista, parabéns! Mas preciso "falar"...hehehe

"mas não posso lembrar das falcatruas de Brawn"...

Não se esqueça que esse Brawn é o mesmo que favoreceu o J.Button no GP da Alemanha em 2009 e era apenas a 9ªcorrida da temporada. Nesse GP Rubinho estava a frente de Button no fim da corrida, voltas depois veio a falcatrua de troca de posições no último pit-stop. Não foi relevante no título porque Button pontuou muito mais que Rubinho no final da temporada, da mesma forma que Schumacher fazia na Ferrari/Brawn, foi campeão errando menos e sendo mais rápido na pista. Mas que favoreceu o inglês isso favoreceu...Galvão que o diga nesse dia! Todos pedem condições iguais aos pilotos, mas esquecem que em certos momentos tem que se tomar uma posição para não comprometer o campeonato, Button estava sendo seriamente ameaçado pelas RBRs, Brawn tomou a decisão certa pensando no futuro da equipe, apostou em Button e venceu o campeonato, Rubinho nem vice foi, imagina se a "aposta" fosse nele. Button foi o escolhido por ser o melhor durante o campeonato, se desse atenção aos dois pilotos ia acabar de Rubens tirar pontos de Button e vice-versa, aí o favorecido seria Vettel, Button poderia até perder o campeonato para o alemão novato...ia ser um vexame para a Brawn. Entendam...pilotos como Alonso, Schumacher e Hamilton mesmo que na metade da temporada estejam atrás de seu companheiro de equipe, ela sempre vai esperar uma reação, foi assim com Kimi em 2007, quando não der mais matemáticamente para ser campeão, aí sim ela vai pedir uma ajudar para o companheiro na conquista do título. Lembre-se que Schumacher também entregou uma vitória a Irvine em 1999, Massa também o fez no Brasil em 2007 em favor de Kimi e Kimi entregou um 2ª lugar para Massa em 2008 na China. É um grande "negócio"a Formula 1, mas sempre foi assim! Ou vcs acham que a Williams mesmo em "baixa" se concentrou nos dois pilotos, Nico e Nakajima? Claro que não, ela apostou no veloz e sábio. Olha a Ferrari, só falam em Alonso "ele tem o mesmo "perfil" de Schumacher trabalhar" como diz Domenicalli, evidente que Alonso é a aposta, mas se por infelicidade ele se envolver em 2 acidente e 1 quebra nas 3 primeiras provas e Massa abrir 40 pontos, a Ferrari vai sim esperar uma reação do espanhol, cabe a Alonso "virar" o jogo e Massa não deixar. Nas outras equipes vai acontecer o mesmo! Os companheiros de Schumacher/Alonso/Vettel/Hamilton tem chances, mas que pegaram uma "pedreira" dentro da equipe isso pegaram...Schumacher pode estar sem "ritmo"...mas quando voltar, segura o homem, ele sabe disso e fez opção de 3 temporadas, sabe que precisa de tempo. A Ferrari errou sim na Aústria 2002, fez uma grande besteira, era início de temporada e quem "pagou na boca do povo" foi o alemão, mas não podemos jogar toda culpar na equipe e no piloto. Rubinho errava muito, ou eles também tem culpa das más largadas do Rubinho? Das escolhas de estratégias erradas, quando errava o limíte de velocidade nos boxes, rodadas na pista, "enroscos" com outros pilotos ficando sem bico. O mesmo ocorreu em 2009, Rubinho continuou o mesmo...errando e lamentando! Se Brawn fez falcatrua na Alemanha, então ele apostou no piloto certo...mas isso eu já sabia!

"É aquela velha história, quem não faz toma e o Rubinho tomou de novo..."
Fábio Mota disse…
Dona Vick!!! Sempre com um pésinho atrás!!!! hehehe
Uau piano!!! Alguém já teve o prazer de ver e/ou ouvir Dona Vivian tocar?? hehehe
Mais uma pro rebanho Wiliams!! Aêêêêêê!!!! Simpatia já vale!!! Foi lá q o "The Real" deu suas primeiras aceleradas na F-1 e o resto deixa quieto!!!! kkkkk

Show de entrevista!!!

PS: É contagiante a sua alegria na 1ª foto do post!!!
Boa noite galerinha!
Vou viajar essa madrugada, então vim aqui agradecer os comentários de vocês.

Em primeiro lugar, agradecer a Ludy pela excelente entrevista, fica fácil responder, quando se tem uma entrevistadora deste nível, não é? Você arrasou em todas as entrevistas do "Octeto Entrevista", tem razão em sentira orgulho. Obrigada!

Manu, Steffany, Andrea, Carina e Fábio, vocês representam o prazer que movimenta cada passo ao preparar este Blog. Muito obrigada pelos comentários, e muito obrigada pelo carinho.

Marcelo, sobre o GP da Alemanha, Rubinho voltou atrás em tudo o que falou, ficou provado por A + B, que as coisas não se deram do modo como Galvão falou. Não tenho respeito pelos métodos de Ross Brawn, e se em algum momento for provado que Jenson se utilizou dessas "vantagens", perderá muitos pontos no meu ibope, pode ter certeza.

Beijinhos para todos, espero que tenham uma passagem de ano abençoada!

Vcs foram demais!
Bjs

Vick
Marcelo Costa disse…
O Rubinho sempre volta atrás no que fala isso nunca foi novidade, na Espanha ele disse a mídia de um possível favorecimento a Button, tomou uma dura e ficou MUDO, igual aos tempos de Ferrari, ele sempre foi de fácil "manipulação" dentro e fora da equipe, "amanhã" ele já muda de opinião e diz que vai contar tudo em um livro, que o Button não era tão amigo etc... Mas o que aconteceu na Alemanha foi bem nítido, até o R.Leme e Galvão previu isso antes do último pit. Só não "enxerga" quem não quer.

Jeson não decide possíveis "vantagens" em uma corrida, ele segue ordens, todos seguem, basta ver o caso Nelsinho. Alonso sabia da trambicagem pois foi definida antes da corrida, mas Alonso se fingiu de morto, o que ele pode fazer nessa hora? Deve ter pensado: "se eles querem assim, fico na minha quieto, se der algo errado da minha boca não saiu essa idéia...fico livre!" E ficou mesmo, a FIA o chamou em depoimento e queria saber se foi dele a idéia junto com os dirigentes da Renault, ficou comprovado que dele não saiu nada. O Curioso é que Alonso venceu a prova seguinte no Japão, ou seja ele nunca precisou dessas maracutáias para vencer uma corrida, o mesmo acontece com outros grandes pilotos, mas fazer o que...eles seguem ordens.

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